Coordenadora do PETI explica a diferença entre trabalho infantil e tarefas sem risco

Xanxerê conta desde 2015 com a atuação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Mesmo com as campanhas realizadas anualmente sobre o combate ao trabalho infantil, os profissionais percebem que ainda existe muitas dúvidas acerca deste tema, confundindo tarefas básicas com o trabalho pesado.

É necessário entender que tarefas são atividades essenciais e necessárias ao desenvolvimento da criança e do adolescente, realizadas nos espaços de vivência, como arrumar o próprio quarto ou compartilhar as atividades na organização do lar. Já o trabalho infantil é caracterizado quando a criança ou o adolescente passa a assumir as responsabilidades típicas dos próprios pais, tais como cuidar dos irmãos para que os pais trabalhem, preparar a alimentação da família, ficar responsável por toda organização da casa.

De acordo com o Diagnóstico Municipal do Trabalho Infantil, o conceito tem base na concepção que a criança está ajudando a família, porém a mesma assume responsabilidades que são típicas de adultos e que afetam o desenvolvimento físico e psicológico da criança. Frases como “É melhor trabalhar do que ficar nas ruas” ou “Trabalhar não faz mal a ninguém” são transmitidas culturalmente de pais que trabalharam desde cedo e servem para a reprodução das condições de desigualdade de classe ao longo das gerações.

Segundo a Coordenadora Municipal do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil de Xanxerê, Samantha Roloff, a infância é uma importante fase de desenvolvimento. “Muitas vezes o que ocorre nesta fase pode gerar impactos permanentes e irreversíveis às crianças e adolescentes, os quais afetam a sua construção histórica e seus projetos de vida. Por isso, a erradicação do trabalho infantil é tão importante. Infelizmente, o desconhecimento do que se trata de fato o Trabalho Infantil, bem como os mitos socioculturais estabelecidos, dificulta o seu combate. Desta forma, é fundamental manter canais de diálogos sempre aberto com a população, seja por meio de campanhas, palestras ou capacitações”.

Samantha enfatiza que ao suspeitar que uma criança esteja trabalhando é necessário denunciar através do disque 100. “A ligação é gratuita e pode ser anônima”, finaliza.